Veja o que disseram deputados no plenário durante votação sobre prisão de Rodrigo Bacellar na Alerj
09/12/2025
(Foto: Reprodução) Alerj vota para revogar prisão de Rodrigo Bacellar
Vários deputados ocuparam o plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) nesta segunda-feira (8) para se manifestar durante a votação sobre a prisão do deputado Rodrigo Bacellar (União Brasil) (entenda a prisão ao final da reportagem).
Em discursos polarizados, parlamentares expressaram seus posicionamentos a favor e contra a manutenção da detenção, abordando questões legais, o papel da Polícia Federal e os riscos do envolvimento do crime organizado no poder público.
Ao final da votação, o resultado foi de 42 votos a favor da revogação da prisão de Bacellar e 21 votos pela sua manutenção. A sessão contou com a presença de 65 deputados, enquanto três se ausentaram e um estava licenciado. Além disso, duas abstenções foram registradas.
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Plenário da Alerj durante votação da prisão de Bacellar
Reprodução/TV Globo
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Veja abaixo o que disseram alguns deputados:
O primeiro a falar foi Flávio Serafini (Psol). Ele afirmou que concordava com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
"É melhor para o estado do Rio de Janeiro, no combate ao crime organizado, a manutenção da prisão cautelar do presidente da Assembleia, Rodrigo Bacellar."
Durante seu discurso, Renata Souza, também do Psol, fez um aparte, destacando que o voto pela manutenção da prisão representava uma "responsabilização" da Alerj, sublinhando a importância da Casa cumprir seu papel diante da situação.
Por sua vez, Alexandre Knoploch (PL) criticou as provas apresentadas pela Polícia Federal, considerando-as frágeis. Ele ainda fez uma observação, afirmando que "muitos aqui ficavam de beijinho e abraço com o deputado TH Joias, inclusive o pessoal da esquerda", sugerindo uma contradição entre as posturas de alguns parlamentares.
"Olhando inúmeras vezes, a gente vê algumas coisas que parecem um pouco exageradas. O que nós temos, o que nós recebemos aqui nessa casa? Nós recebemos a decisão do ministro Alexandre de Moraes. O que nós temos nessa decisão? Três prints", disse.
Já Carlos Minc (PSB), que também se posicionou a favor da manutenção da prisão, alertou sobre a presença do crime organizado nas instituições públicas. Ele afirmou que era necessário "cortar os tentáculos" do crime, para que o parlamento não fosse "contaminado" por práticas ilícitas.
Dani Balbi, do PCdoB, votou "não" pela revogação da prisão e enfatizou que o combate ao crime deve ser uma prioridade. Ela destacou que o RJ é historicamente conhecido pelas fragilidades de suas instituições, principalmente devido à relação entre crime e política, um problema que, segundo a deputada, não é recente.
A deputada India Armelau (PL) defendeu que Bacellar responda pelas suspeitas em liberdade. Em seu discurso, fez duras críticas, acusando a esquerda de ser contraditória em relação ao deputado. Ela afirmou que, se organizasse uma festa com Bacellar, a esquerda estaria presente, mas, diante da situação atual, ressaltou que, quando as coisas complicam, ninguém quer se associar a ele.
Elika Takimoto (PT) votou pela manutenção da prisão. Ela enfatizou que, diante da gravidade dos fatos apurados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo STF, não se tratava de “achismo” e que o parlamento não deveria intervir em questões que comprometessem a imparcialidade das investigações.
Já Renan Jordy (PL) foi a favor do relaxamento da prisão. Ele criticou veementemente a relação de alguns parlamentares com o crime organizado, especialmente aqueles que, segundo ele, tratam a política como um braço do crime. E ressaltou a importância da ampla defesa e do contraditório, destacando que nenhum injustiça deveria ser cometida.
Após a votação, Renan Jordy foi acusado de agredir um bombeiro depois de ficar preso no elevador da Alerj. Ele nega. A TV Globo flagrou parte da confusão (veja abaixo).
Deputado Renan Jordy é acusado de agredir bombeiros após ficar preso em elevador na Alerj
A prisão de Bacellar
Na quarta-feira (3), Rodrigo Bacellar foi preso pela Polícia Federal na Operação Unha e Carne. Segundo a PF, Bacellar é suspeito de ter vazado informações sigilosas da Operação Zargun, deflagrada em setembro, em que o então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, foi preso.
TH Joias foi preso por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, suspeito de negociar armas para o Comando Vermelho (CV). Ele assumiu o mandato em junho, mas deixou de ser deputado após sua prisão.
O mandado de prisão de Bacellar foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou o afastamento dele da presidência da Alerj.
Presidente da Alerj é preso suspeito de vazar operação sigilosa
Em sua decisão, Moraes afirmou que há "fortes indícios" da participação de Bacellar em uma organização criminosa. Segundo trecho da decisão obtida pelo g1 e pela TV Globo, ele estaria atuando ativamente pela "obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo Estadual".
O advogado Bruno Borragini, que representa Bacellar (União Brasil), afirmou que a prisão do deputado pela Polícia Federal é “totalmente desproporcional” e que o parlamentar “não praticou nenhuma conduta ativa” para obstruir investigações.
Borragini também negou que Bacellar tenha vazado informações sigilosas para o deputado TH Joias. Segundo ele, a iniciativa do contato não partiu do presidente da Alerj.