General Braga Netto diz que não entregou dinheiro para financiar plano golpista
10/06/2025
(Foto: Reprodução) O último réu interrogado foi o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil. O ex-candidato a vice-presidente de Bolsonaro foi ouvido por videoconferência porque está preso no Rio de Janeiro. General Braga Netto diz que não entregou dinheiro para financiar plano golpista
O último réu a ser interrogado foi o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Souza Braga Netto. O ex-candidato a vice-presidente de Bolsonaro foi ouvido por videoconferência porque está preso no Rio de Janeiro.
O ministro Alexandre de Moraes quis saber sobre o encontro de militares das Forças Especiais no apartamento de Braga Netto, depois das eleições. Em depoimento ao STF, o tenente-coronel Mauro Cid disse que essa reunião teria sido para tramar um golpe de Estado. Braga Netto disse que Cid faltou com a verdade e que, no encontro, tratou de temas operacionais e não sobre uma trama golpista:
“Eu estava em casa. O general Cid chegou… Eu não costumava normalmente receber pessoas, mas depois, como eu vinha de uma campanha eleitoral, eu era muito parado e passei a dar atenção a todas as pessoas que me pediam, digamos assim, eram apoiadores. E eu me lembro que o Cid ou ligou ou interfonou e falou: ‘Chefe, estamos aqui embaixo. Eu e dois das Forças que queriam conhecer o senhor’. Eu deixei eles subirem. Eles subiram. Eu não os conhecia. Eles conversaram comigo 20, 30 minutos. Como a distância era muito grande, não tinha intimidade para trocar nada. E isso aí é uma coisa que eu queria deixar bem claro”.
Moraes questionou Braga Netto sobre a alegação de Cid, de que teria repassado ao major Rafael de Oliveira uma caixa de vinho com dinheiro vivo. As investigações apontam que os valores seriam para financiar o plano Punhal Verde e Amarelo. Segundo Mauro Cid, a entrega foi feita a pedido de Braga Netto, que deu o dinheiro ao então ajudante de ordens de Bolsonaro.
Walter Braga Netto: O Cid veio atrás e perguntou: “General, o PL pode conseguir algum recurso que nós estamos precisando?”. Na minha cabeça, tinha alguma coisa a ver com campanha. Eu viro para ele, como está nos autos, e falei assim: “Procura o Azevedo. Procura o tesoureiro, que era o Azevedo”.
Alexandre de Moraes: O senhor, em momento algum, entregou em uma caixa... Em uma caixa, não, em uma gaiola de vinho, o dinheiro ao tenente-coronel Cid?
Braga Netto: Eu não tinha esse dinheiro. Eu não tinha contato com empresários. Os empresários estavam mais interessados no presidente Bolsonaro do que em mim, presidente.
General Braga Netto diz que não entregou dinheiro para financiar plano golpista
Jornal Nacional/ Reprodução
Braga Netto disse que nunca ouviu falar sobre as operações Punhal Verde e Amarelo e Copa 2022, e que jamais ordenou ou coordenou ataques a nenhum militar que não tenha aceitado uma trama golpista:
"Eu jamais ordenei ou coordenei ataques a nenhum dos chefes militares”.
Com o fim dos interrogatórios, a ação penal do núcleo crucial da trama golpista chega às fases finais. O ministro Alexandre de Moraes revogou a decisão que impedia os réus de falarem entre si. Moraes abriu prazo para que advogados dos réus e a própria Procuradoria-Geral da República indiquem, em cinco dias, se há necessidade de novas diligências. Os pedidos podem ser acolhidos ou rejeitados.
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