Lutador diz que não tem ligação com ‘justiceiros’, mas não se arrepende de vídeo convocando para combate à violência
08/12/2023
(Foto: Reprodução) William Correia foi ouvido na 12ªDP (Copacabana). Ele disse que fez o vídeo no 'calor da emoção'. O professor de artes marciais e educação física William Correia
Thaís Espírito Santo/g1 Rio
O professor de artes marciais e educação física William Correia prestou depoimento por cerca de 1h30 na 12ª DP (Copacabana), na tarde desta sexta-feira (8), a respeito do vídeo em que ele convoca a população para combater a violência nas ruas de Copacabana, Zona Sul do Rio.
Ao deixar a delegacia, se disse indignado com a violência no bairro, mas negou que tenha relação com os chamados "justiceiros".
“Eu fiz um vídeo sim, ali no calor da emoção, mas não me arrependo de nada do que falei como um morador indignado com a violência. A gente quer ajudar as forças de segurança e ser um parceiro da segurança pública. Não convoquei ninguém a fazer violência gratuita, não tenho nada a ver com esses justiceiros.”
No vídeo, William questiona se "ninguém vai fazer nada."
“E aí, rapaziada de Copacabana, qual vai ser? Vamos deixar os caras fazer o que querem aqui no nosso bairro mesmo? Cadê a nossa rapaziada de 2015 que botou esses caras pra correr? E aí? Vai esperar ser o nosso pai, o nosso avô, teu pai, alguém da tua família? Tomar um soco na cara e ficar por isso mesmo, ninguém vai fazer nada? Polícia não pode fazer nada, prende e solta”, diz um trecho do vídeo.
Fazer "justiça com as próprias mãos" é crime previsto no artigo 345 do Código Penal Brasileiro.
Além de William, o lutador Fernando Pinduka também foi intimado a prestar declarações. Nas redes sociais, ele tinha convocado a população para fazer uma “limpeza” em Copacabana.
O professor de jiu-jítsu Fernando Pinduka
Thaís Espírito Santo/g1 Rio
Ele saiu da delegacia às 15h30. Na saída, foi aplaudido por um grupo que foi até a distrital para dar apoio aos dois homens intimados.
“Estamos aqui apoiando a polícia. Eu sou um educador, isso aqui é um bairro de idosos. Vim esclarecer minha indignação, minhas palavras foram deturpadas. Sou honesto, sou pela paz. Não conheço nenhum justiceiro. A polícia tem que tomar rédea disso”, disse Pinduka.
Lutador é ouvido em delegacia do Rio
Thaís Espírito Santo/g1 Rio
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Com a intimação, ele usou as redes sociais para negar sua suposta ligação com os "justiceiros" - grupo que promete agredir pessoas suspeitas de roubos.
“Quero esclarecer que não tenho qualquer relação com as respectivas pessoas e que estou à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento”, afirma o posicionamento.
William diz ainda que espera que a Polícia Civil tenha a mesma rapidez para prender os suspeitos de roubos e agressões pelo bairro. Em grupos de whatsapp, moradores foram convocados para prestar apoio a William na porta da delegacia.
“Essa união que eu pedi no nosso grupo é muito importante para a gente chegar ao nosso objetivo. Quem me conhece sabe que eu já fiz diversos vídeos, esse não é o primeiro. Já tivemos três mortes que sofreram na mão desses vagabundos, foi um vídeo de desabafo, como um morador indignado”, diz ele em um vídeo.