Morte de pedreiro baleado em operação da PM completa 5 anos, e família pede justiça: ‘Minha mãe vive à base de remédios’, diz irmão
11/09/2024
José Pio Baia Júnior, que tinha 45 anos, foi atingido por um tiro enquanto virava uma laje na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio. Família de pedreiro morto há cinco anos ainda cobra por justiça
A morte do pedreiro José Pio Baia Júnior completou 5 anos no início deste mês. O trabalhador estava trabalhando em uma laje quando foi atingido por um tiro durante uma operação policial na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, em 2019.
A família do homem ainda espera por justiça e enfrenta as dores do luto.
“A minha mãe, hoje em dia, vive à base de remédios, desde a época em que ele morreu. Morreu, não! Foi executado. Tem que deixar isso bem claro, meu irmão foi executado por policiais militares”, afirma o irmão Janilson dos Reis Baia.
“A família continua triste, né? Em luto ainda tanto pela morte do meu irmão, quanto pela falta de justiça. A gente espera, mas tem muita demora”, continua ele.
Três policiais militares são investigados pela morte: Antônio Augusto Valente Gradim Júnior, Guilherme de Assevedo Souza e Letícia Murtiba de Souza Queiroz. Todos eram lotados no 14º BPM (Bangu) e são réus no processo.
José Pio Baía
Reprodução/TV Globo
A Polícia Militar diz que um inquérito foi feito, na época, pela Corregedoria Geral da corporação, finalizado e mandado para a Auditoria da Justiça Militar do RJ. Uma medida judicial afastou os policiais das ruas, mas, de acordo com a advogada da família, essa medida vem sendo descumprida.
Os PMs acusados não compareceram à última audiência do Tribunal de Justiça, que marcou uma nova sessão para o dia 7 de outubro, quando testemunhas de acusação serão ouvidas.
"Hoje, eu exerço a profissão de pedreiro. Então o pouco que eu sei eu aprendi com ele. Ele que me passou. Todos os dias quando eu levanto, eu vou trabalhar, eu lembro dele. Toda vez que eu tô fazendo alguma coisa, alguma obra, me lembro dele... Então isso me deixa muito triste”, completa o irmão.
Em nota, a Polícia Militar disse que não foi comunicada de qualquer medida cautelar imposta aos agentes, mas não disse se eles estão prestando serviços internos ou se continuam trabalhando nas ruas. A corporação disse ainda que a Corregedoria vai avaliar se os policiais vão sofrer punições disciplinares.
Já o Tribunal de Justiça disse que a PM foi informada em 2021 da medida cautelar que determina que os três policiais deveriam ser afastados das ruas e trabalhar apenas em funções administrativas. A PM foi novamente questionada pelo RJ2.
A defesa dos agentes disse que eles foram transferidos do batalhão local, mas não disse se estão prestando serviços internos ou externos. Informou ainda que eles não compareceram na audiência por licença médica do advogado.