BH 128 anos: lendas 'Avantesma da Lagoinha' e 'Moça da Rua do Chumbo' refletem abandono social e solidão da cidade grande

  • 11/12/2025
(Foto: Reprodução)
'Avantesma da Lagoinha': conheça a lenda BH As lendas urbanas belo-horizontinas que retratam o "Avantesma da Lagoinha" (veja vídeo acima) e a "Moça da Rua do Chumbo" (vídeo mais abaixo) apontam para o abandono social e a solidão da cidade grande. De um lado, um fantasma que assombra trilhos e bondes apresenta um reflexo da desigualdade. De outro, uma misteriosa mulher que desaparece representa saudades e desejos interrompidos. Belo Horizonte completa 128 anos nesta sexta-feira (12), data que marca a transferência da antiga capital de Minas Gerais, Ouro Preto, para a então nova cidade. A mudança teve como pano de fundo a chegada de novos habitantes e a expulsão, muitas vezes de forma violenta, de antigos moradores do Curral Del-Rei, arraial onde a capital mineira foi construída no fim do século 19. Na comemoração do aniversário, o g1 preparou uma série especial, em texto e vídeo, sobre figuras emblemáticas do imaginário belo-horizontino. Na quarta-feira, foram retratadas as lendas da 'Loira do Bonfim' e do 'Cego da Contorno'. Nesta quinta-feira (11), mostramos duas histórias: "Moça da Rua do Chumbo" "Avantesma da Lagoinha" Ainda que esses personagens retratados sejam velhos conhecidos de quem vive na região, e muita gente até diga que já os tenha visto, esses fantasmas nunca tiveram sua existência comprovada, como ocorre com toda lenda urbana. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 MG no WhatsApp Imagens ilustram 'Avantesma da Lagoinha' e 'Moça da Rua do Chumbo', lendas urbanas de Belo Horizonte Imagem gerada por Inteligência Artificial 'Avantesma da Lagoinha' A lenda "Avantesma da Lagoinha" é uma das mais emblemáticas de Belo Horizonte, causando medo nos motoristas desavisados que passam pelo Complexo da Lagoinha, na região central da capital mineira (veja vídeo no começo da reportagem). Reza a lenda que esse fantasma assombra as ruas descarrilhando bondes e provocando acidentes de carro na região. A história contada pelos belo-horizontinos é de um homem trajando preto, sem feições claras, exalando cheiro de enxofre e emitindo gargalhadas quando alguém o vê. "Este homem fantasma é um símbolo que representa a mudança de capital de Ouro Preto para Belo Horizonte, lembrando as pessoas que eram contra essa mudança na época. Após os motoristas se depararem com essa figura, ele desaparece em uma nuvem de fumaça escura", conta o escritor e cofundador do movimento BH a Pé, Rafael Sette Câmara. A lenda "Avantesma da Lagoinha" surgiu no início da construção da nova capital, quando os prédios novos e modernos obrigaram populações pobres a se deslocarem, e alterou a paisagem da cidade. O espectro que assombra os trilhos e bondes simboliza a dor e o abandono dessas comunidades, que inclusive, nos dias atuais, abriga centenas de pessoas em situação de rua. A lenda que foi criada traz um reflexo das desigualdades e da nostalgia por um espaço que foi perdido. LEIA TAMBÉM: BH 126 anos: conheça a história de moradores e operários que foi apagada para dar lugar à nova capital de Minas Gerais 127 anos de BH: Marco Zero, Igreja da Boa Viagem nasceu antes mesmo da criação da cidade; entenda a história 'Moça Fantasma da Rua do Chumbo' 'Moça fantasma da rua do chumbo': conheça a lenda BH A "Moça Fantasma da Rua do Chumbo" é um retrato poético que virou até poema de Carlos Drummond de Andrade. Tudo começou com um bate-papo entre taxistas da região Sul de BH, que falavam de uma mulher de cabelos loiros, pele pálida e roupas brancas que aparece no bairro Savassi, esperando por um táxi nas madrugadas frias (veja vídeo acima). Ao entrar no carro, ela pede para seguir viagem até a Rua do Chumbo, no bairro Serra. O motorista segue o caminho, mas, ao olhar pelo retrovisor, vê o semblante triste da passageira. Logo ao entrar na Rua do Chumbo, a moça desaparece. Nos dias seguintes, os taxistas passaram a comentar o caso nas rodas de conversas e nos bares da cidade. Em uma dessas, alguns jornalistas e escritores escutaram a história. Já no dia seguinte, reportagens são publicadas. Com a repercussão, mais pessoas passam a contar que já viram a tal moça perambulando em outras ruas. A história também foi imortalizada por Carlos Drummond de Andrade, no poema "Canção da Moça‑Fantasma de Belo Horizonte". No texto, o escritor sugere que a misteriosa mulher se chamava Maria, e teria morrido inesperadamente — por apendicite, acidente de automóvel ou suicídio. Ela também teria partido sem encontrar seu grande amor. "Eu nunca fui deste mundo: Se beijava, minha boca dizia de outros planetas em que os amantes se queimam num fogo casto e se tornam estrelas, sem ironia. Morri sem ter tido tempo de ser vossa, como as outras", diz o texto de Drummond. A figura melancólica da mulher traz reflexos da saudade e dos desejos interrompidos, mostrando uma Belo Horizonte de ruas silenciosas e encontros que jamais vão acontecer. A lenda reforça a ideia de que a "cidade grande" não é feita apenas de concreto, mas também de memórias, fantasmas e sentimentos que atravessam gerações. "E vai, como não encontro nenhum dos meus namorados, que as francesas conquistaram, e que beberam todo o uísque existente no Brasil, espreito os carros que passam com chauffeurs que não suspeitam de minha brancura, e fogem", trecho do poema "Canção da Moça‑Fantasma de Belo Horizonte". Vídeos mais vistos no g1 Minas:

FONTE: https://g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/2025/12/11/bh-128-anos-lendas-avantesma-da-lagoinha-e-moca-da-rua-do-chumbo-refletem-abandono-social-e-solidao-da-cidade-grande.ghtml


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