Câncer lidera mortes causadas por doenças crônicas em três cidades da região de Campinas, aponta Observatório de Oncologia
10/11/2025
(Foto: Reprodução) Tratamento câncer
Reprodução EPTV
Um estudo do Observatório de Oncologia apontou que, em 2023, o câncer se tornou a principal causa de morte, entre as condições crônicas não transmissíveis, em 670 municípios brasileiros - incluindo três cidades da região de Campinas (SP): Estiva Gerbi (SP), Monte Alegre do Sul (SP) e Pedra Bela (SP).
Nessas cidades, a doença superou as enfermidades do aparelho circulatório, que historicamente ocupavam o primeiro lugar entre as condições crônicas não transmissíveis que levavam a óbitos. A análise não considera as mortes causadas por doenças transmissíveis, como a Covid-19, por exemplo.
Segundo o observatório, o levantamento, divulgado na sexta-feira (7), evidencia "uma transição epidemiológica em curso, na qual o câncer vem substituindo as doenças cardiovasculares como principal causa de morte, especialmente nas regiões mais desenvolvidas do país".
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De acordo com a pesquisa, as mortes por câncer no Brasil cresceram 120% entre 1998 e 2023, ritmo 2,3 vezes mais rápido que o das doenças cardiovasculares, que aumentaram 51% no mesmo período.
Entre os fatores associados estão o envelhecimento da população, maior prevalência de hábitos de risco — como tabagismo, sedentarismo e dieta inadequada — e avanços nos registros de mortalidade.
Perfil dos municípios
Os dados da pesquisa indicam que essa transição ocorre não apenas em grandes centros urbanos, mas também em cidades de diferentes portes populacionais. Quase metade (48%) dos municípios onde o câncer lidera as mortes têm até 25 mil habitantes, perfil que inclui as três cidades da região de Campinas.
No estado de São Paulo, 68 dos 645 municípios já registram mais mortes por câncer do que por doenças cardiovasculares, o que representa 11% do total. Em todo o Brasil, eram 516 cidades com essa característica em 2015, numero que subiu para 670 em 2023 - um aumento de 30% em oito anos.
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Sul e Sudeste concentram maioria dos casos
O estudo aponta forte concentração nas regiões Sul e Sudeste, que juntas respondem por 76% dos municípios onde o câncer já é a principal causa de morte entre as doenças crônicas e não transmissíveis.
Nacionalmente, a doença representou 17% de todos os óbitos em 2023, enquanto no Rio Grande do Sul esse índice chegou a 22%. Entre os tipos mais letais estão o câncer de pulmão (12%), mama (8%) e próstata (7%).
Possíveis causas
Para o Observatório de Oncologia, os fatores que podem justificar o aumento das mortes por câncer são:
o aumento da expectativa de vida, que eleva a exposição a mutações genéticas associadas ao envelhecimento
o controle mais eficaz de doenças infecciosas e cardiovasculares, que desloca a mortalidade para os tumores
o aumento da prevalência de fatores de risco como tabagismo, obesidade e sedentarismo
maior acesso a exames diagnósticos e a registros de mortalidade mais precisos
o perfil sociodemográfico das regiões Sul e Sudeste — com predominância de população branca e maior vulnerabilidade à radiação ultravioleta — também pode explicar parte da distribuição observada no estudo
De acordo com o observatório, o levantamento reforça a necessidade de "estratégias integradas de prevenção, diagnóstico precoce e acesso oportuno ao tratamento" contra os diversos tipos de câncer.
Entre as recomendações da plataforma estão o fortalecimento da rede de atenção oncológica, o cumprimento da Lei dos 60 dias - que garante início do tratamento após o diagnóstico - e o mapeamento dos fluxos de pacientes entre regiões, para reduzir desigualdades na rede.
“A solução para conter essa tendência é coletiva, envolvendo gestores, profissionais de saúde, pesquisadores e a sociedade civil”, informou o observatório.
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