Caso Benício: médica demonstrou 'indiferença e desprezo' durante atendimento, diz polícia do AM
28/11/2025
(Foto: Reprodução) Caso Benício: médica e técnica de enfermagem prestam depoimento em Manaus
A Polícia Civil do Amazonas informou que a médica investigada pela morte de Benício, de 6 anos, teria demonstrado “indiferença e desprezo” durante o atendimento. O caso ocorreu após a aplicação de uma dose de adrenalina em um hospital de Manaus. A médica vai responder ao processo em liberdade.
O caso é investigado como homicídio doloso qualificado. Testemunhas disseram que a médica foi chamada pela técnica de enfermagem quando a criança passou mal, mas não teria demonstrado urgência.
O delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), afirmou que há indícios de dolo eventual — quando o agente assume o risco de provocar o resultado.
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“A médica foi acionada pela técnica de enfermagem logo que a criança começou a passar mal, mas não demonstrou urgência em prestar socorro. Esse comportamento evidencia desprezo pela vida da vítima” , disse Martins.
A defesa da médica nega a acusação. Segundo os advogados, ela teria prestado atendimento imediato, solicitando um antídoto para reverter o quadro.
Médicos ouvidos no inquérito, no entanto, afirmaram que não há medicação capaz de neutralizar uma overdose de adrenalina. Nesses caso, só é possível oferecer suporte clínico. Documentos do hospital e depoimentos confirmam que a criança sofreu pelo menos seis paradas cardíacas antes de morrer.
A médica e a técnica de enfermagem envolvidas foram afastadas das atividades. A investigação segue em andamento e deve ser concluída em até 30 dias.
Médica e técnica de enfermagem prestam depoimento
Lucas Macêdo/g1 AM
O caso
Segundo o pai, Bruno Freitas, o menino foi levado ao hospital com tosse seca e suspeita de laringite. Ele contou que a médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa, 3 ml a cada 30 minutos.
A família disse ao g1 que chegou a questionar a técnica de enfermagem ao ver a prescrição. De acordo com Bruno, logo após a primeira aplicação, Benício apresentou piora súbita.
“Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa. Falou que estava na prescrição e que ela ia fazer”, relatou o pai.
Após a reação, a equipe levou a criança para a sala vermelha, onde o quadro se agravou. A oxigenação caiu para cerca de 75%, e uma segunda médica foi acionada para iniciar o monitoramento cardíaco. Pouco depois, foi solicitado um leito de UTI, e Benício foi transferido no início da noite de sábado.
Na UTI, segundo o pai, o quadro piorou. A equipe informou que seria necessária a intubação, realizada por volta das 23h. Durante o procedimento, o menino sofreu as primeiras paradas cardíacas.
O pai relatou que o sangramento ocorreu porque a criança vomitou durante a intubação. Após as primeiras paradas, o estado de Benício continuou instável, com oscilações rápidas na oxigenação. Minutos depois, Benício apresentou nova piora e não respondeu às manobras de reanimação. Ele morreu às 2h55 do domingo.
“Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça. Não desejamos essa dor para ninguém”, disse o pai.
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