Em novo protesto na COP30, indígenas cobram participação nas negociações e reunião com Lula
Indígenas fazem novo protesto e bloqueiam entrada da COP30, em Belém
Indígenas fizeram nesta sexta-feira (14) um novo protesto na Conferência do Clima da ONU, em Belém.
Cerca de 90 indígenas da etnia Munduruku chegaram por volta de 5h30 à entrada principal da Zona Azul - o principal pavilhão da COP, que é reservado para as negociações. A segurança foi reforçada com tropas do Exército. Representantes das delegações precisaram usar uma entrada lateral.
Os indígenas cobram participação nas negociações e uma reunião com o presidente Lula, que está em Brasília.
"Desde que a gente chegou aqui a gente não consegue a participação do nosso povo nesses lugares da COP. A preocupação e indignação que a gente está passando lá, as nossas casas invadidas, os nossos rios destruídos, o nosso território ameaçado, destruído pelo garimpo, pelas empresas hidrelétricas, empresas destruidoras", afirma Ediene Kirixi Munduruku, coordenadora da associação das mulheres Munduruku.
Os Munduruku apresentaram outras reivindicações: eles são contra projetos do governo federal para a infraestrutura na Amazônia. Como um decreto do governo federal, assinado por Lula em agosto, que abre a possibilidade de privatizar a gestão de trechos de três rios importantes: Tapajós, Madeira e Tocantins. Segundo os indígenas, o decreto define esses trechos como rotas prioritárias de transporte de cargas e ameaça o território Munduruku.
O grupo pede o fim da construção da Ferrogrão, uma ferrovia com mais de 900 km entre o Mato Grosso e o Pará, necessária para ampliar o transporte de soja e outros produtos agrícolas.
Depois de quase quatro horas e de muita negociação, os indígenas aceitaram sair da entrada principal. O presidente da COP, o embaixador André Correa do Lago, participou. Os Munduruku tiveram uma reunião com a ministra dos Povos Indígenas Sônia Guajajara e com a ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
"É totalmente reconhecido o direito de vocês de poder transmitir esses pedidos", disse Correa do Lago,
As ministras disseram que vão encaminhar as reivindicações para análise do presidente Lula. Em nota, a Casa Civil declarou que qualquer intervenção nos rios Tapajós, Madeira e Tocantins exige estudo de impacto e licenciamento ambiental, com consultas às comunidades indígenas.
Do lado de dentro, nesta sexta-feira (14) foi dia de debates sobre: como os países vão abandonar uma economia suja. Isto é, como vão deixar de usar combustíveis fósseis, como petróleo e carvão, que lançam na atmosfera os gases que causam o aumento da temperatura da Terra.
Nos últimos dias, Reino Unido, França e Alemanha, manifestaram apoio à ideia do Brasil de que haja prazos e metas contra combustíveis fósseis.
"Toda COP 30 só está ocorrendo por causa da queima de combustíveis fósseis que é a razão de 90% do aquecimento global que nós estamos observando. Portanto desenhar um mapa do caminho para que a humanidade se livre dos combustíveis fósseis é a melhor coisa e a coisa mais importante que a COP 30 pode realizar."
Chris Fitzgerald é diretor da empresa britânica Octopus Energy, que fornece energia limpa para mais de 10 milhões de pessoas no mundo e atua no Brasil para acelerar essa mudança.
"O que realmente precisamos fazer é focar em como oferecer um excelente atendimento ao cliente e energia acessível para que as famílias possam se beneficiar da transição energética. Isso exige uma combinação de governos, tecnologia e empresas trabalhando juntas em prol da energia renovável."
A Estação da Luz Participações - empresa que propôs a construção da Ferrogrão - divulgou uma nota. Nela, informa que a ferrovia não passa por Terra Indígena. Afirma que o projeto resolve um gargalo grave de logística no escoamento das safras de Mato Grosso. Defende ainda que a construção da ferrovia substituiria três mil caminhões por dia, que hoje fazem esse transporte, e avalia que haveria outro benefício: a redução na emissão de três milhões e quatrocentas mil toneladas de carbono por ano.
Indígenas fazem novo protesto e bloqueiam entrada da COP30, em Belém
Reprodução/TV GloboFONTE: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2025/11/14/em-novo-protesto-na-cop30-indigenas-cobram-participacao-nas-negociacoes-e-reuniao-com-lula.ghtml