Falsa sensação de segurança: entenda porque lago onde família naufragou é palco de acidentes em MT
31/12/2025
(Foto: Reprodução) Lago do Manso se tornou um dos principais pontos turísticos de MT
Christiano Antonucci/Secom-MT
O Lago do Manso, em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá, um dos principais destinos de lazer em Mato Grosso, concentra uma grande parte dos acidentes registrados na região em situações envolvendo embarcações e veículos aquáticos, segundo o Corpo de Bombeiros. Apesar da aparência tranquila, o reservatório é extenso, profundo e exige cuidados redobrados de banhistas e condutores de lanchas e jet skis.
O alerta ganhou força após o naufrágio de uma lancha no domingo (29), em Chapada dos Guimarães, a 65 km de Cuiabá. Na ocasião, uma criança de 6 anos conseguiu escapar e pedir ajuda para salvar a mãe e o irmão bebê de 1 ano. Já o pai das crianças e o piloto da embarcação seguem desaparecidos.
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Ao g1, o tenente-coronel e comandante de operações aquáticas do Corpo de Bombeiros, Heitor Alves de Souza, disse que as causas de afogamentos no Lago do Manso são semelhantes às registradas em outros rios e lagos do estado, especialmente durante o período de férias e estiagem, quando há aumento do fluxo de visitantes.
Segundo ele, entre os principais fatores que influenciam o registro de acidentes estão:
consumo de bebida alcoólica durante realização de atividades aquáticas;
pilotar embarcações e jet skis em alta velocidade;
falta do uso de colete salva-vidas;
deixar crianças livres e sem supervisão;
falsa sensação de segurança, devido à água parecer muito calma.
O tenente informou que o lago preserva o relevo original da região da Chapada dos Guimarães, com áreas rasas próximas às margens, mas também pontos que chegam até 80 metros de profundidade. Além disso, árvores submersas e galhadas permanecem no fundo do reservatório, o que aumenta o risco tanto para banhistas quanto para equipes de resgate.
“O lago não tem buracos no sentido literal, mas mantém o relevo natural. Existem galhos e troncos submersos. Em operações de mergulho, não é raro nossos mergulhadores se depararem com árvores no fundo”, afirmou.
Ainda conforme o Corpo de Bombeiros, a maioria das ocorrências graves envolve embarcações. Quedas na água, falhas mecânicas, batidas e naufrágios estão entre os acidentes mais frequentes, além dos casos de afogamento na beira do lago que também costumam ser comuns.
“É preciso ter cuidado com a profundidade, então é ideal que a pessoa fique com a água na cintura para que ela consiga se divertir tranquilamente, evitar ficar em locais profundos, porque ali é um lago muito extenso e fundo e tudo isso facilita para que tenha um afogamento”, explicou o tenente-coronel.
Além disso, ele informou ainda que em situações de desaparecimento as buscas costumam durar, em média, sete dias, podendo ser prorrogadas. Nos primeiros dias, o foco é o mergulho no ponto estimado do naufrágio. Em seguida, as equipes passam a fazer varreduras de superfície.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, mesmo com o registro de acidentes frequentes no Lago do Manso, o local não possui áreas proibidas para banho. Apesar disso, os bombeiros orientam os banhistas a adotarem cuidados básicos para reduzir o risco de afogamento. Entre as principais recomendações estão:
permanecer em locais rasos, com água na altura da cintura;
evitar pontos afastados ou sem estrutura de apoio;
redobrar a atenção com crianças, mantendo-as sempre a uma distância máxima de um braço de um adulto.
Segundo a corporação, esses cuidados são essenciais durante momentos de lazer e podem prevenir tragédias em lagos, rios e áreas de grande circulação de banhistas.
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Relatos de testemunhas indicam que a embarcação era de pequeno porte e navegava em uma área onde o vento e a correnteza estavam fortes devido a um temporal registrado pouco antes do acidente. Moradores e frequentadores da região ajudaram nas buscas iniciais até a chegada das equipes oficiais.
O Corpo de Bombeiros foi acionado e deslocou equipes de Cuiabá para reforçar os trabalhos, que contaram também com o apoio da Marinha.
As buscas foram feitas com embarcações, seguindo o sentido da correnteza indicada pelas condições do lago no momento do acidente. A navegação com moto aquática durante a noite foi restringida por questões de segurança.
A Capitania dos Portos informou que será aberto um procedimento administrativo para apurar as causas do naufrágio e verificar se a embarcação seguia as normas de segurança exigidas para navegação no local.
A Marinha investiga o caso.
Veja a distância do local do naufrágio de Cuiabá
Arte g1