Gleisi inicia nova rodada de reuniões com Motta e partidos para saber tamanho da base do governo
26/10/2025
(Foto: Reprodução) A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fará nesta semana uma nova rodada de reuniões com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e com líderes de partidos da base e do Centrão para avaliar o tamanho do apoio ao governo e tentar reorganizar a articulação política na reta final do ano.
A expectativa é de encontros com representantes do MDB, PSD e Podemos, além de conversas com dirigentes do PP, União Brasil e Republicanos, partidos que têm cargos no governo, mas vêm registrando comportamento dividido em votações na Câmara.
O objetivo de Gleisi é medir quantos votos o governo pode efetivamente contar daqui para frente — tanto para aprovar projetos econômicos de interesse do Planalto, quanto para desenhar estratégias políticas para 2026.
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Redistribuição de cargos e revisão de demissões
Há duas semanas, o governo começou a exonerar aliados do Centrão de cargos federais após sofrer uma derrota com a derrubada da MP 1303, que substituiria o aumento do IOF. A decisão provocou reação em partidos que haviam se afastado da articulação política, e Gleisi tenta agora reconstruir pontes.
Segundo auxiliares do Planalto, a ministra deve discutir a redistribuição de cargos e até rever algumas demissões, caso os parlamentares garantam fidelidade em votações-chave.
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Na última semana, Gleisi e Hugo Motta receberam, na residência oficial da Câmara, o líder do PP, Dr. Luizinho, e o ministro dos Esportes, André Fufuca (PP), além dos líderes Pedro Lucas (União Brasil) e Gilberto Abramo (Republicanos).
De acordo com o blog de Valdo Cruz, parlamentares dessas legendas manifestaram interesse em manter espaços no governo, assumindo o compromisso de votar a favor de projetos de interesse do Palácio do Planalto.
Nos bastidores, assessores de Lula avaliam que a estratégia de demitir indicados políticos surtiu efeito: muitos deputados que haviam votado contra o governo agora buscam reaproximação, dizendo-se arrependidos e dispostos a recompor o diálogo.
Um exemplo dessa reconciliação ocorreu na reunião com o Progressistas, partido que havia se afastado do governo.
O ministro André Fufuca — que chegou a ser punido pela legenda por permanecer no cargo — ficará licenciado, sem sanções internas, e o PP continuará com a mesma cota de indicações no Ministério dos Esportes.
A ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais
Reprodução/TV Globo
Alertas e promessas de Motta
O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou nesta quarta-feira (22) que a relação entre o governo e o Congresso “ainda tem muito a melhorar” e que o Planalto precisa ajustar a articulação política para conseguir avançar nas votações do Orçamento de 2026.
Apesar das críticas, Motta prometeu votar ainda nesta semana o projeto de corte de gastos que o governo deve enviar ao Legislativo, mas pediu a Gleisi Hoffmann que acelere a liberação de emendas parlamentares ainda neste ano. Segundo ele, há verbas represadas que estão comprometendo o cronograma de pagamentos no fim de 2025.
Gleisi e Motta também acertaram uma nova estratégia para a medida provisória que aumentava a arrecadação com o aumento de alguns tributos. A MP perdeu validade após ser retirada da pauta da Câmara. O governo pretende fatiar o texto e reenviar o conteúdo em dois projetos de lei e uma nova medida provisória, retomando trechos sobre corte de gastos e fechamento de brechas fiscais.
Um dos projetos, com pedido de urgência, vai tratar da tributação de apostas esportivas (bets), fintechs e juros sobre capital próprio.
Esse último é considerado o mais polêmico e deve enfrentar resistência entre deputados, embora a avaliação da base governista seja de que a taxação das bets tem chances de ser aprovada.