Lavandário em Toledo atrai diversos visitantes e fortalece turismo rural no oeste
27/10/2025
(Foto: Reprodução) Em uma propriedade rural às margens da estrada da comunidade de Bom Princípio do Oeste, distrito de Toledo, um lavandário florido chama a atenção de quem passa. Logo de cara, pode ser despercebida aos olhos distraídos, porém, basta adentrar alguns metros que o visitante encontrará um cenário de tirar o fôlego: a plantação violácea de lavanda dentata.
O espaço, que começou a ser elaborado há seis anos com apenas alguns pés da planta, hoje se espalha por meio hectare plantado e recebe diversos visitantes em busca de conexão com a natureza e tranquilidade. No oeste paranaense, a plantação teve início a partir de um sonho compartilhado por mãe e filha. Em meio a viagens e recordações, Rosilene Welter e a primogênita, Alice Welter, dividem a paixão pelos campos de lavanda nas planícies europeias. Conduzidas por esse encanto, as duas decidiram colocar o sonho em prática e deram início à própria plantação. “Ela olhou para mim e eu olhei para ela: ‘Vamos fazer?’, ‘Vamos!”, relembra Rosilene. Assim, surgiu a Alfazenda – nome dado ao lavandário que teve inspiração portuguesa, onde a planta é chamada de alfazema.
Inicialmente, em 2018, a ideia era extrair o óleo essencial da planta para comercialização. Entretanto, o mercado não era promissor, conforme explica a proprietária. “Como o óleo da lavanda dentata tem um nicho muito pequeno de mercado, a coisa foi se encaminhando para o turismo rural e abrimos ao público, dois anos atrás”.
Ao caminhar pelos arbustos floridos, sentindo o aroma inconfundível e apreciando os tons de verde e lilás que se complementam, certamente a beleza vai impressionar. Beleza esta que motiva Rosilene a continuar com o trabalho dia a dia. “Não tem dinheiro que pague a sensação de ver as pessoas chegarem aqui com um semblante meio carregado e sair dando risada. É uma sensação maravilhosa poder proporcionar isso para as pessoas”.
Produção de óleo essencial
Além de proporcionar momentos, de certa forma, mágicos, não é só o turismo rural que a Alfazenda oferece aos visitantes. Na propriedade, o óleo essencial da lavanda é extraído e, a partir dele, outros produtos também são criados.
Para coletar o extrato puro, é preciso podar os arbustos de lavanda e realizar um processo chamado de destilação. Na propriedade em Toledo, o corte é feito uma vez ao ano. A partir desta etapa, folhas, caules e flores são destilados e o resultado é a extração do óleo essencial. Depois de destilado, o produto é guardado em geladeira, no vidro âmbar para melhor armazenamento, e depois, fracionado e catalogado para a comercialização.
Produtos feitos à base do óleo essencial de lavanda, disponíveis na Alfazenda.
Divulgação/Ana Cecília Muxfeldt
Devido à alta concentração de cânfora – substância presente na lavanda dentata –, o óleo essencial traz diversos benefícios por meio da aromaterapia. Tem ação antisséptica, ansiolítica, relaxante e estimulante da regeneração da pele. “Trabalha muito com medos, depressão, estresse. Essa lavanda é energizante. Também ajuda no sistema respiratório, é cicatrizante e repelente de insetos”, complementa Rosimere.
Além do óleo essencial, outros produtos são vendidos no local. Em uma pequena cabana, onde fica a recepção do lavandário, diversos produtos são distribuídos em prateleiras. São sabonetes, sprays aromáticos, bolachas caseiras decoradas, guirlandas, sais de banho, velas, etc. – todos disponíveis para os visitantes adquirirem.
Ao comercializar os óleos essenciais, é importante ter extremo cuidado com a pureza do produto. Por isso, a plantação não pode ser contaminada com o uso de agrotóxicos, por exemplo. Desta forma, na Alfazenda, o controle de pestes é feito de forma natural e sem nenhum tipo de produto químico. “A gente faz um controle biológico das formigas cortadeiras com os galizés, porque a gente não pode passar veneno aqui, se não o óleo estaria contaminado. Então, nós colocamos essas ‘figurinhas’ aqui para ir comendo as formiguinhas”, detalha.
Galizé utilizado para controle biológico de formigas cortadeiras.
Divulgação/Ana Cecília Muxfeldt
Rota das Lavandas
Cenários como a Alfazenda também podem ser encontrados em outras regiões do Paraná. Isso porque a área cultivada com a planta vem ganhando espaço e soma, atualmente, 12,5 hectares. Há dois anos, o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR) criou a Rota Turística das Lavandas, um circuito que inclui propriedades em Araucária, Carambeí, Londrina, Palmeira, Toledo e Umuarama. Essas propriedades, em conjunto, receberam 152 mil visitantes e produziram uma renda bruta de R$ 7 milhões, desde 2022.
Ao participar do grupo, além de ganhar maior visibilidade entre os turistas, os produtores podem trocar conhecimentos entre si e, assim, aperfeiçoar técnicas da plantação e manejo. A Rota da Lavanda foi criada com o objetivo de fomentar o turismo rural e a produção de derivados da lavanda, através de uma lei sancionada pelo governo do Estado.
Em Toledo, Rosilene e a família são responsáveis por administrar o ponto turístico conhecido pela beleza da cor lilás e aroma marcante. As visitas em grupo são realizadas aos finais de semana, com horário agendado. Os visitantes também podem reservar o espaço para ensaios fotográficos e pequenos eventos. A lembrança do passeio não fica apenas na memória, já que todos podem colher um ramalhete de flores de lavanda e levá-lo para casa. “O ramalhete dura, pelo menos, seis meses no vaso. Depois, pode debulhar e fazer o sachê, então, dura mais uns seis meses. Você vai levar essa energia boa para a sua casa”, detalha Rosilene.
Na propriedade de aproximadamente 150 hectares, o plantio de soja e milho sempre foi o forte. Além dos grãos e do lilás, o amarelo também toma conta do espaço. Na fazenda, há pés de girassol que encantam. A florada dura 30 dias e pode ser apreciada pelos visitantes. “Eu sou engenheira civil aposentada, trabalhei 30 anos com obras e, agora, para mim isso está sendo um presente. É uma coisa que eu comecei para a minha satisfação pessoal e eu vi que eu poderia trazer essa alegria para as outras pessoas também, pois o belo sempre encanta”.
Divulgação/Ana Cecília Muxfeldt
Texto produzido por Ana Cecília Muxfeldt, acadêmica do curso de Jornalismo do Centro Universitário FAG, sob orientação da professora Julliane Brita, para a 23ª edição da Revista Verbo, veiculada na 4ª edição do City Farm FAG.
