Registro raro: biólogo flagra comportamento reprodutivo do beija-flor-cinza em Santa Catarina
03/09/2025
(Foto: Reprodução) Um momento raro chamou a atenção do biólogo Cezar Santos, morador de Pomerode (SC), no último sábado (30). Ao acordar pela manhã, ele se surpreendeu com a cópula de um casal de beija-flores-cinzas (Aphantochroa cirrochloris) que acontecia bem próxima a sua janela. O comportamento, geralmente discreto e de rápida duração, foi registrado em vídeo e publicado nas redes sociais.
“Eles sempre visitam minha janela, principalmente esse cinzinha, que é bastante territorialista. Achei que era apenas uma briga, porque estava havendo perseguição em voo. Depois percebi que era parte do comportamento reprodutivo”, contou o biólogo, que atualmente trabalha com educação ambiental em um parque temático da cidade.
Cópula de beija-flores-cinzas foi registrada em Pomerode (SC)
Cezar Santos
Apesar de não ser um observador de aves frequente, Cezar relata que costuma registrar a natureza ao redor de sua casa, localizada em uma área central cercada por mata ciliar e próxima à Mata Atlântica. Nascido em Santa Rita do Sapucaí (MG), ele viveu a vida toda em Mogi Mirim (SP) antes de se mudar para Pomerode (SC).
“Mesmo na área central, a a mata é bem preservada, tem um rio que corta a cidade. Eu moro ao lado da mata ciliar que corta esse rio, mas é bem no centro. E tem regiões de matas aqui do lado, tem uma serra, uma montanha, cachoeiras e Mata Atlântica preservada”, afirma.
Reprodução curiosa
O registro da espécie, também conhecida como beija-flor-de-peito-cinza, chama a atenção por documentar um comportamento que costuma passar despercebido. Diferentemente de outros beija-flores, que realizam exibições exuberantes, o beija-flor-cinza tem cortejos discretos, baseados em perseguições rápidas no ar, como as observadas por Cezar.
Cópula de beija-flores-cinzas foi registrada em Pomerode (SC)
Cezar Santos
A reprodução da espécie guarda outras curiosidades. O macho não participa da construção do ninho nem dos cuidados com os filhotes, limitando-se ao momento da cópula. A fêmea constrói o ninho sozinha, usando fibras vegetais, teias de aranha e líquens, o que garante camuflagem.
Segundo o biólogo Carlos Gussoni, a postura geralmente se restringe a dois ovos por ninhada. Esses ovos são tão pequenos que não chegam a pesar 1 grama. A incubação deles dura de 15 a 16 dias, e os filhotes permanecem no ninho por cerca de três semanas, sendo alimentados exclusivamente pela mãe.
Além disso, em diferentes regiões do Brasil, o beija-flor-cinza pode se reproduzir em várias épocas do ano, dependendo da disponibilidade de flores - fonte essencial de energia para a fêmea durante o período de cuidado com os filhotes.
“Foi muito bacana conseguir registrar esse momento, porque mostra como a natureza acontece de forma espontânea ao nosso redor. Mesmo quem não sai sempre para observar aves pode ser surpreendido”, conclui Cezar.
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