Rio tem 19 abrigos clandestinos de idoso fechados em 2025: 'Ficavam amarrados, sujos', diz mulher
11/11/2025
(Foto: Reprodução) Fechamento de abrigos clandestinos expõe violações e reforça necessidade de fiscalização no Rio
O Rio de Janeiro, um dos estados com maior percentual de idosos do país — 13% da população tem 65 anos ou mais, segundo o Censo de 2022 —, enfrenta um desafio urgente: garantir uma velhice digna e segura. Somente este ano, 19 abrigos clandestinos foram fechados na cidade.
As ações de fiscalização da Secretaria Municipal de Envelhecimento Saudável, do Instituto de Vigilância Sanitária (IVISA-Rio) e da Polícia Civil já resgataram 132 idosos que viviam em condições degradantes.
Entre eles, está Adailza Carneiro de Oliveira, de 75 anos. Ela conta que passou mais de oito meses sem sair do quarto no espaço onde vivia antes da interdição.
“Não tinha comida direito… A que a família levava, a gente não via. Para tomar banho, davam um baldinho preto de obra. Muitos foram parar no hospital porque ficavam amarrados, sujos, de fralda. Eu rezava para alguém aparecer, fechar aquilo lá e tirar a gente de lá”, lembra.
Depois do resgate, Adailza foi acolhida em uma instituição legalizada no Caju, que tem mais de cem anos de história e é referência no cuidado a idosos.
O local abriga 99 moradores, oferece quartos individuais e compartilhados, seis refeições diárias acompanhadas por nutricionista e atendimento por uma equipe multidisciplinar de saúde.
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A casa é particular, com mensalidades entre R$ 6 mil e R$ 8 mil, mas recebe idosos sem condições de pagamento por meio de convênio com a prefeitura.
Atualmente, a capital fluminense conta com 212 instituições legalizadas para idosos, a maioria privada. Algumas delas têm parceria com o município para acolher pessoas que não podem pagar.
O secretário municipal de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida, Felipe Michel, explica que famílias com renda de até um salário mínimo podem solicitar acolhimento institucional.
“A família pode procurar a assistência social, que vai orientar sobre instituições legalizadas e conveniadas. Não podemos encaminhar para uma instituição pública quem tem condições de pagar”, afirmou.
Mesmo entre os espaços legalizados, a fiscalização é contínua. A gerente do IVISA-Rio, Maria Claudia Castelo, reforça que a licença não garante funcionamento irrestrito.
“Ela pode ter a licença e não atender às boas práticas. Essa licença pode ser revogada; podemos inclusive cassar o alvará”, disse.
O envelhecimento da população brasileira torna o tema ainda mais urgente.
Entre 2000 e 2023, o país quase dobrou o percentual de pessoas com 60 anos ou mais — de 8,7% para 15,6%, segundo o IBGE.
Agora em um novo lar, dona Adailza comemora a mudança de vida.
“Tô vivendo maravilhosamente bem. Eu canto. Tô chorando de alegria por tanta coisa boa que tô passando aqui”, celebra.