VÍDEO: Onça ferida e exausta é achada quase se afogando no rio Negro; 'E agora, o que faz com esse bicho?'
24/11/2025
(Foto: Reprodução) Exclusivo: a recuperação da onça que quase morreu afogada no Rio Negro e hoje está de volta à floresta
Cientistas e especialistas em vida silvestre conseguiram devolver à floresta uma onça-pintada resgatada quase se afogando no rio Negro, no Amazonas. O animal, um macho adulto de 4 anos e 54 kg, havia sido encontrado exausto, ferido e com sinais de ter sido vítima de disparos de arma de fogo.
O resgate aconteceu em 1º de outubro. Moradores avistaram a onça debilitada no meio do rio e acionaram as equipes de apoio. Segundo a equipe de primeiros socorros, o felino estava “praticamente se afogando”.
No primeiro exame, veterinários identificaram cerca de 36 projéteis de chumbo espalhados por cabeça, pescoço e face. A onça perdeu um dente e teve um dos olhos parcialmente atingido.
Após o atendimento inicial, uma cirurgia para retirar os projéteis, o felino foi levado ao Centro de Acolhimento de Vida Silvestre, em Manaus, onde começou um processo rigoroso de reabilitação. Especialistas ressaltaram que ela ainda mantinha seus instintos de animal selvagem — algo considerado crucial para uma futura reintrodução.
Onça pintada foi resgatada quase se afogando no rio Negro, no Amazonas.
Reprodução/TV Globo/Fantástico
Preparação para voltar à natureza
Durante a reabilitação, para evitar que o animal se acostumasse ao cheiro humano, a equipe seguia protocolos específicos, como um “banho de folhas”, em que os profissionais se esfregam com plantas da floresta antes de entrar no recinto.
A resposta da onça surpreendeu os veterinários: em apenas quatro dias, ela apresentou comportamento agressivo típico da espécie — sinal de que não havia sido criada em cativeiro. A visão, que preocupava a equipe, também mostrou melhora.
De acordo com os pesquisadores, esta foi a primeira onça no Amazonas resgatada, tratada em clínica cirúrgica e reabilitada para reintrodução. Um caso inédito no estado.
Antes da soltura, o felino recebeu um radiocolar capaz de enviar sua localização via satélite a cada hora.
"É importante por vários motivos, entre um dos quais que esse animal tem chumbo, que é neurotóxico. E a gente vai poder monitorar esse animal na natureza para saber se essa neurotoxidade dele vai ocorrer ou não", disse o pesquisador Rogério Fonseca da Universidade Federal do Amazonas.
Onça pintada presa durante a reabilitação. Animal apresentou comportamento selvagem durante tratamento.
Reprodução/TV Globo/Fantástico
Para os cientistas, os dados também serão valiosos para novas pesquisas sobre o comportamento do maior felino das Américas.
A soltura ocorreu entre os dias 9 e 10 de novembro, em uma unidade de conservação às margens do rio Negro. A equipe transportou a onça de helicóptero até uma comunidade ribeirinha e, de lá, seguiu de barco até o ponto escolhido.
Depois de horas sedada, a onça finalmente despertou e, cautelosa, deixou a caixa de transporte. Ao avançar pela mata, selou o desfecho da operação.
"Assistir a tudo aquilo e acompanhar o deslocamento dela hoje, na vida livre. É uma sensação de dever cumprido", celebrou Nonato Amaral, biólogo do Centro de Acolhimento da Vida Silvestre do Amazonas.
Ouça os podcasts do Fantástico
ISSO É FANTÁSTICO
O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo.